Deputados estaduais do PT do Rio Grande do Sul voltam a defender a criação de uma CPI para investigar novas denúncias contra a governadora Yeda Crusius (PSDB). "O governo Yeda é uma usina geradora de crises", ataca o deputado Elvino Bohn Gass, líder do PT-RS.
Com base em informações obtidas em gravações atribuídas a seu ex-coordenador de campanha Marcelo Cavalcante, o PT busca acordo com as demais bancadas. Já conversaram com todas, oficialmente com o PDT, PSB, PC do B. Nesta segunda-feira, voltam a negociar na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A movimentação do PT gaúcho se intensificou com áudios apresentados pela revista Veja. Os diálogos mostram Marcelo Cavalcante, ex-representante do Estado do Rio Grande do Sul em Brasília, e o empresário Lair Ferst, suposto envolvido nas fraudes no Detran gaúcho, falando de irregularidades relacionadas à Yeda e seu partido no Rio Grande do Sul.
"Conforme aparecem novas acusações ela muda sua argumentação. Ela adequa suas falas na medida em que os fatos aparecem", critica Gass. Cita, como exemplo, opiniões emitidas pela governadora a respeito de Marcelo Cavalcante. Conta que, antes das denúncias, era um "grande militante do PSDB. Quando resolveu depor contra a governadora, passou a ser suspeito".
Marcelo Cavalcante, também ex-coordenador de campanha da governadora, faleceu às vésperas do seu depoimento ao Ministério Público Federal sobre as acusações de caixa dois na campanha da governadora Yeda.
Questionado se a renúncia seria uma saída, o deputado petista relativiza: No caso de crime eleitoral, "caem os dois", mas se for administrativo, "ela cai sozinha".
Veja abaixo a íntegra da entrevista com Elvino Bohn Gass:
As denúncias iniciaram com as denúncias do vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó. O que o PT tem feito desde então para articular a Assembléia?
Fizemos uma CPI do Detran, uma representação no Ministério Publico e pedimos mais investigações porque a maioria não concordou em prolongar a CPI à época. Fomos ao Ministério Público Eleitoral e também pedimos mais investigações. Agora estamos nos mobilizando, a partir dos novos fatos, que não param de aparecer. Porque o governo Yeda é uma usina geradora de crises. Então, já que temos uma usina permanente como esta, nós estamos trabalhando para que o parlamento gaúcho faça a CPI, mas não temos acordo ainda entre as outras bancadas.
Antes, o governo Yeda afirmava que não existia prova material para acusá-la...
Sim, claro, estão trabalhando em segredo de justiça. Na CPI do Detran, muitos diziam que não era verdade o que o PT dizia. Na ocasião, conseguimos os áudios. E neles estava a voz dos diretores do Detran e a voz do secretário do governo. Com os áudios, conseguiremos entregar provas matérias para o conjunto das bancadas e assim, mais assinaturas para o pedido de CPI. Acredito que os partidos queiram cumprir com o motivo pelo qual foram eleitos. Neste sentido confio que nesta semana tenhamos as assinaturas necessárias. Já conversamos com todas as bancadas, oficialmente com o PDT, PSB, PC do B e voltaremos a conversar hoje na OAB. Pela gravidade da situação acredito que venham a se unir conosco.
O senhor acredita que as provas existentes são suficientes para cassar o mandato da governadora?
Se tiver confirmação, provas, do que foi dito, a governadora não poderá mais permanecer na sua função.
O senhor compara a situação a outros processos contra governadores que correm no TSE ou STF?
Acho que a situação no RS é mais grave do que todas as denúncias em quaisquer outros estados. Aqui tem um esquema articulado. O Ministério Público e Polícia Federal concluíram que se trata de uma 'quadrilha', não sou eu que estou dizendo isto, mas o MP e PF juntos. Na verdade é um modus operandi que envolve membros do governo, por isso que, em se apresentando as provas, será um caso incomparável a qualquer outro estado.
Caso seja comprovado, a renúncia não seria a melhor saída para a governadora? Inclusive para não perder a chapa à frente do governo. E o vice, Paulo Feijó, tem condições de assumir o governo?
Ela é quem vai decidir. São duas situações diferentes. Se houver queda por crime eleitoral, caem os dois. Caso haja acusação de administração do governo, ela cai sozinha. Neste momento eu preciso ir atrás das provas para saber quais serão as acusações de corrupção e o grau.
Acredita que a governadora esteja prorrogando a investigação para que chegue ilesa ao menos até o final de seu mandato?
Cada hora ela se posiciona de um jeito. Marcelo Cavalcante, antes das denúncias, era um grande militante do PSDB para a governadora. Quando resolveu depor contra a governadora, passou a ser suspeito. Conforme aparecem novas acusações ela muda sua argumentação. Ela adequa suas falas na medida em que os fatos aparecem.
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